segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

OLHA A PASSARELA E APRECIA!

Aproveite:
A vida passa!
Aguente:
A dor passa!
Os conselhos, os consolos, os versos...
Tudo passa!

Passar torna imensurável o valor do que se aprecia!
Não cobra juras de eternidade,
questiona se contagia!

A velocidade influi no que se aprecia!
Não cobra juras de eternidade,
questiona se contagia!

Não há o que fique,
há ritmos diferentes:
Ante a montanha que irá, diz a vida que a montanha fica;
Ante a vida que irá, pensa uma emoção
 que a vida fica;
Ante a solidão que irá, diz uma relação que a solidão fica;
Ante a realidade que irá, diz uma ilusão que a realidade fica...

Ante o tudo que irá, não dirão estes versos, se me escapam, que tudo fica.

Ó, poesia que vai, queres consolar minha alma como o que dela ficaria?
"Pobre e tola poesia!" - diz minha alma de passagem.

Passar torna imensurável o valor do que se aprecia!
Não cobra juras de eternidade,
questiona se contagia!

Mas se queres apreciar a duração, silencia e
com o amor que se for compreenderás como eu que
nada fica.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

DESENCANTADO


porque estou assim
não ficam amigos
amigos não faço

quando a gente não está encantado
as pessoas pensam logo que é falta de encanto delas
exclusivamente

pois é!
para bem ou para o mal
são egocêntricas.

os desencantados
precisam ficar sozinhos!

o desencanto é uma reta
para o fim!
a minha lembrança uniu alegria e tristeza na mala da saudade e deu o fora!
o que seria de mim?
sou agora!

A DONA (desamparo)

a dona adquiriu roupas novas
justo quando o tesão
abandonou nosso lar...
...insosso lar, então!

ele mesmo - o tesão - não levou roupa nenhuma.
nu foi embora!
mudou-se de casa, de par...
e a paixão, esta pervertida!, 
esbaforida, foi logo atrás!
ih, esta sim!,
faz barulho demais!

algum tempo depois -
gastos de nós, desatamos -
ficamos ímpares dois.

algum tempo depois,
a alma evaporada e o corpo a procurar:
"jovem alegria, aonde foste?"

a alma olhou pra frente e pra trás. 
amor e tesão não via...
nem sinais!

da flor despetalada achou o espinho
sangrou no caminho da memória
onde a amizade jaz

algum tempo depois,
as pegadas que esquecidas só vão 
também desbotam do chão
já não pisam mais 
o que era "o" 
caído em "um" levanta-se e 
"outro" se faz.


POESIA INTERLOCUTORA:

OCASO

ai!
mas tenho medo do tempo
sobre teus dias
pesando-os fatais

pesando-os
lembrete tenaz do

e s q u e c i m e n t o

ai!
e acompanhando teus sóis
tenho medo de esvair-me noite

acaso
o caso
ocasione

ai!
tenho medo do tempo sob teus pés
pegadas só vão

temo
uma noite que não sei

acaso
o caso
ocasione

e de repente
sen ti:

ai!
temo tudo

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

CIFRAS

quem é você, "meu amor"?
solto este vocativo ao vento,
sem par de ouvidos que saiba um gosto!

a vida nos levou tudo! tudo!
os sonhos, os colos paternais...
bons sentimentos
esmaecem em fotografias...

nos resta a consciência dura
firme e indelével
da morte

a vida nos leva tudo!
e este tempo débil tudo traduz
no idioma estúpido do dinheiro


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

o nosso grande problema é que a gente passa o tempo buscando saber aquilo que não conhece
invés de investigar aquilo que a gente sabe!
do meu amigo fábio:
- e como taí, fábio?
-aah cara, acho que tá a mesma porcaria! acho que só mudou o calibre das armas!
antigamente você tinha que dar um tiro na cabeça e arrastar pelos pés o corpo pra fora do quarto.
hoje basta clicar no "x"!
você chega pro seu amigo de 20 anos atrás
e diz:

- agora eu sei que tudo que a gente amou...

- que que tem?

-...engordou!
primeiro a gente nem fala
depois a gente fala qualquer coisa
a gente aposta na loteria
acha que com os 18 é que virão...que virá a vida!

depois a gente envelhece...
não é que não precisa do segundo dia
não precisa do segundo segundo
basta o primeiro

os olhos dela
um cheiro já chegou
ela saiu do plural que era uma espera
já entrou na vida
já virou um quadro na parede do meu gosto

já escreverei sobre ela
já idealizarei novas culturas
e
pátrias!

e depois disto infartarei
terei um derrame numa casa sem minha família

depois disto
depois nem existe mais!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Vate


Tem muito tempo que não vejo as pessoas
Senão suas caveiras:
Olho pra elas e vejo o fim.
Os ossos atrás da carne fugidia.
Esquecem meus olhos de ver o meio.
Em pleno agora, não vejo que estão.
Apenas que já se foram!
Se ouço o que dizem, escuto só uma teimosia de viver...
Parece que falam pra trás!
Vão dizendo e de repente tudo já está perdido e esquecido...
Devo agradecer! Ainda vejo os ossos, brancos, despidos da carne em completa assepsia!
Pense só se visse o nada que somos
como quem olhasse de uma espaçonave de onde a Terra é um grão!
Se não visse mais cores, se não olhasse mais como será daqui a pouco... Quando eu estiver morto! E os olhos - estes! - alimentando vidas invertebradas.
Se ouço... Perdão pelo que respondo!
Devolvo em automático as palavras
para simular que eles vivem!
Sem me preocupar com o que representam
Sou uma espécie de clarividente
que vê o silêncio que será
e por isso nada prevejo além,
uma espécie de condenado
a só ver o futuro do presente cego.
Quer saber?
Não é trágico, não é alegre... Não é nada!
Está tudo apenas no agora.
Ah... é triste a profecia:
"Só temos o presente
para toda a eternidade!"?

À TOA

eu não sou um santo
não sou gente
boa
não vim salvar ninguém
eu vim à toa

con versar

vamos escrever conversando contigo?
pode ser de uma língua na outra, este silêncio?
vai! diz o que você quer! o que você pensa! o que você tem a dizer é dever ou querer puro seu?
desconfio de que é o contrário!
porque você tem um olhar avesso de quem diz o que não é precisamente.
quando você vem? no carnaval?
sabe...
quando você vier será carnaval!

Anti-horário


de repente a louça e os talheres sobre a mesa
inverteram-se de utilitários em empecilhos
com o braço firme esticado
ponteiro no sentido anti-horário
atirei no chão todo juízo
um despertador insólito:
ruído de vidro e metal na cerâmica -
marcou a hora precisa de deitarmos
e a cama estava feita.

o tempo... esta manhã que me veste, por exemplo, não se ajusta em mim, parece uma calça larga que tenho de ficar segurando para não ficar nu!

O BICHO






não tenho uma data precisa
parece que fui diluindo
que algo se diluiu dentro de nós
solúvel a outras paixões
solúvel no nosso tédio


do nosso caso...
posso também dizer que foi um sucesso:
"viramos um,
a tal ponto que estávamos sós!"
quase não falávamos mais como antes
embora tenhamos nos tornado adeptos de solilóquios
em cômodos escondidos
onde o outro surgia sempre como um empecilho

não tenho uma data, um horário...
rumamos para o fim desde o começo
melífluos

até que nos lambeu
a língua de um bicho

A maior parte das vezes, é mais fácil de mover quem nos coloca contra a parede do que a parede!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

um pouco boba

você tem sempre uma pequena gargalhada preste a tropeçar nas minhas palavras, escapando por sua boca.
você desentende as coisas como uma menina. e com isto nos alegra!
se o sol não vem logo pensamos: "ao menos ela apareça!"
você tem um jeito de rechear a própria espera...
você espera alguma coisa?
você recheia com meninices, 
você, você, você...

você tem sempre uma dúvida que me tira do sério.