morreu perto:
na minha varanda
porque era bicho
morreu perto:
em outra cidade
porque era homem
morreu dentro
em outro país
porque era criança
morri
longe
razão também tem quem luta pra perdê-la! Iscas para almas. Realização do projeto de fazer propostas. Quase uma coisa no lugar de tentativas. Lembretes do desapercebido. Refinaria de gritos.
morreu perto:
na minha varanda
porque era bicho
morreu perto:
em outra cidade
porque era homem
morreu dentro
em outro país
porque era criança
morri
longe
Primeiro a gente não sabe
e acha que saber vai mudar o mundo
Então a gente lê, escuta, vê, revê, se debruça...
É descobrimos que nada mudamos na vida do bairro.
A gente aprende que o mundo é muito
E pra salvar ao menos a imagem desistimos de ser ridículos com a nossa sabedoria.
A gente tenta no amor amiúde...
Na esperanca febril de que ao menos um vá conosco.
Mas nos aprofundamos demais na fé por saber
e na fome de sermos únicos
acabamos mais sozinhos
como nadando para dentro do mar de lá olhar a praia e se aperceber que é na areia que se dá o encontro.
E que mudar o que quer que seja fica muito depois de tê-lo abraçado.
A gente se casa!
Daí se descobre que o conhecimento não segura o quanto queria a alegria sequer a dois.
Também que não dá pra aplicar o frio saber quando envolvidos na emoção que é calor e não cálculo.
Então a gente cultiva uma planta simples num vaso e ela não vinga...
e descobrimos que saber é como rever uma tragecomédia:
sabemos tudo que vai acontecer,
como poderíamos evitar as tragédias
ou pelo menos como fazer menos doloroso o caminho,
mas nossa voz está muito distante,
como livros não lidos na estante,
ou peixes no aquário da sala,
e não chega ao jantar em que a família se despedaça...
e se tentarmos resolver seremos tão só mais um grito na algaravia das ignorâncias...
A última lição só ensina a arte de ser passivo.
Quem não sabe se colocar no lugar do outro,
desperdiça o lugar em que devia haver outro...
Deveria ficar parado assim que despejado no nascimento e...
se inevitável viver, vegetar...
pra menos ocupar o lugar do outro ou...
dar-lhe sombra, acaso vingue tal infelicidade. sombra, silêncio de sossego, verde esperança de vida melhor...
Vegetar... Pessoa muda! Que teria a dizer quem não sabe se colocar no lugar do outro?
E que lhes faríamos nós, que não perda de tempo?
Afogue-se em solilóquios ensimesmado!
Vegetar sim, mas... Frutos não! Pra evitar que outro perdesse o seu lugar por contágio.
Vegetar... E eu torço por secas!
Não faço regass, fecho as cortinas, não levo luz, tenho por propósito cochonilhas, gafanhotos, saúvas, sal grosso...
Pois que lugar deve ter de seu no mundo o outro que não sabe se colocar no lugar do outro?
Não faz nem mesmo sombra, no máximo rouba a luz de outro florescer.
Corrompe-se o ar, a água, a terra e o Sol que serve vida a tal coisa.
Quem não sabe se colocar no lugar do outro é o que há de mais feio de n
osso habitat.
A vida sempre será causa perdida pra pretensões absolutas que se tem...
É claro o que você não vê se perde a visão também.
Sim! A perfeição é um jeito absurdo de pôr defeito em tudo,
não é amiga de ninguém.
Se o endereço é mente e coração,
quiçá somente uma canção
acerte o tal destino.
Não mando cartas, planto palavras no passeio público.
E quem me ouve?
Não digo "poucos", se me são caros!
os chamo "raros", tais pacientes...
Há muita gente que chega tarde ou cedo à estação,
E pelo podre ou azedo que sente culpa a semente
na mão com medo que me leva aos dentes!
Que quer que fales... Não vale ofícios!
Já não me atrevo a definir nada,
"Que tudo mude!" é a esperança que mudou pra bem.
Há tantos loucos falando de tudo!
Tantos lugares distritos do hospício!
Opinam surdos!
Os nossos males vem pra bem de quem?
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